Laodicéia. Ap. 3. 14-22
Elogio: Nenhum;
Crítica: Indiferente;
Instrução: Ser zeloso e arrepender-se;
Promessa: Compartilhar do trono de Deus.
Novamente se vê o Amem, a Testemunha Fiel e Verdadeira dizer que sabe das obras da sua igreja, pois tudo o que for feito nas trevas será proclamado/revelado à luz do dia (Mc 4.22). A igreja em Laodicéia chegou ao extremo de “se achar”, “se sentir”: “rico sou, estou enriquecido, de nada tenho falta” (v.17).
Como Cristo, além de ser o Amem e a Testemunha Fiel, é também o Princípio da Criação de Deus (v.4), não vê como o homem (I Sm 16.7), o Senhor vê o coração (sentimentos), e esquadrinha-o (Jr 17.10). Ele de antemão diz a igreja: “conheço as tuas obras, que não és frio nem quente.” A crise existencial de arrogância era tanta em Laodicéia, que causou crise até em Jesus: Crise de náuseas. A igreja em Laodicéia não era definida, “estava em cima do muro”, “jogava dos dois lados”, “tinha duas caras”, era como ondas do mar impelidas e agitada pelo vento. No vocábulo de Jesus ela O “enjoava”. Jesus declara a condição que a igreja pensava estar e revela a condição que ela realmente estava: morna, coitada, desgraçada, miserável, pobre, cega e nua. Imaginemos uma pessoa nesta crise. Como pode uma igreja chegar a tal ponto de crise?
Morna: falta de temperatura, destemperado. Aqui Jesus fala em sentido figurado, indicando indecisão, inconstância, mal resolvido. Jesus nos assegura que de uma mesma fonte não pode sair água potável e salgada ao mesmo tempo e não podemos servir a dois senhores, um deles ficará em falta.
Desgraçada: com falta de graça. Pedro diz que devemos ser bons administradores da multiforme graça de Deus (I Pd 4.10). Paulo diz à Timóteo se fortalecer na graça que há em Jesus Cristo (II Tim 2.1), e diz à Tito que a graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens (Tt 2.11), o escritor aos Hebreus diz para nos chegarmos ao trono da graça de Deus e sermos socorridos em momento oportuno (Hb 4.16). Mas a igreja em Laodicéia não tinha graça.
Miserável: com falta de valorização, falta de apreço, vil, muito pobre. João diz que Deus amou o mundo de tal maneira que entregou seu Filho único para salvar o mundo (Jo 3.16-17). Paulo compôs um hino de adoração que diz “Ó profundidade das riquezas, tanto da sabedoria como da ciência de Deus!” Rom. 11.33. Jeremias nos traduz uma mensagem de Deus: Se apartarmos o precioso do vil seremos seu porta-voz (Jr 15.19). A igreja em Laodicéia era miserável, vil.
Pobre: com falta de recursos, falta de sustento. O apóstolo diz que nosso Deus
suprirá todas as nossas necessidades, segundo sua gloriosa riqueza, através de Cristo (Fl 4.19), e “em tudo seremos enriquecidos, para toda a generosidade” II Cor. 9.11. Jesus, entre uma e outra parábola, nos garante os recursos e o sustento de alimentos, vestimentas, quando buscamos Seu reino em primeiro lugar (Lc 12.22-34). A igreja em Laodicéia era espiritualmente pobre, faltava-lhe as riquezas celestiais.
Cega: com falta de visão. Jesus Cristo disse aos discípulos de João Batista que contassem à ele o que tinham visto e ouvido: os cegos vêem (Lc 7.22).
No ministério de Jesus tanto os cegos físicos como os espirituais vêem. Pedro e João diante do Sinédrio contaram o que viram e ofereceram visão espiritual (At 4.20). Jesus disse: “quem me vê, vê aquele que me enviou”. Jo 12.45. A igreja Laodicéia era cega, não enxergando o abismo que se aproxima.
Nua: com falta de roupas, despida, envergonhada. O primeiro casal, quando percebeu sua nudez, se escondeu. Deus, cuidadosamente, fez túnicas de peles para eles (Gn 3.10-21). Pedro, estando nu, vestiu-se com a túnica quando avistou Jesus, ao longe, na praia (Jo 21.7). Um dos sete anjos que derramarão as taças com pragas sobre a humanidade disse: “venho como ladrão, feliz aquele que vigia e guarda suas vestes, para não andar nu, e não se veja a sua vergonha” Ap 16.15. A igreja em Laodicéia estava nua, despida, envergonhada.
Jesus revelou a verdadeira situação da igreja em Laodicéia, pois Ele vê com “olhos como chamas de fogo” (Ap 1.14). Mas junto a esta declaração Jesus dá um conselho (v.18): “Aconselho que de Mim, compres ouro refinado no fogo, para que enriqueças, vestes brancas, para te vestires e não seja mostrado a vergonha da tua nudez, colírio, para ungires os teus olhos para que enxergues”. Diz aquele ditado popular que se conselho fosse bom seria vendido e não dado. Porém Jesus nos dá conselho. Não somente o conselho como também todas as coisas (Rm 8.32), e em boa medida, recalcada, sacudida, transbordante e generosa (Lc 6.38).
Jesus oferece sempre o que é de boa procedência, pois não quer que nos misturemos ao “fermento dos fariseus”. No conselho Ele diz: “...compre de Mim... para enriquecer... para vestir... para curar”.
As crises vieram até Laodicéia quando ela conquistou riquezas estranhas, e foi aí seu empobrecimento. Quando Laodicéia copiou roupas estranhas, da moda, ficou nua, e quando quis colocar coisas estranhas diante de seus olhos percebeu estar cega. E nós? Que tipo de riquezas buscamos conquistar? Que tipo de roupas estamos usando? Que tipo de “colírio” estamos colocando diante de nossos olhos?
Se formos zelosos e arrependidos, ouvirmos a voz de Jesus e abrirmos a porta à Ele, teremos sua companhia e estaremos assentados com Ele, em seu trono. Ap 3. 19-21.
A cidade de Laodicéia.
As ruínas de Laodicéia ficam próximas da vila de Goncali, ao norte de Denizli. O rei selêucida Antíoco II deu esse nome à cidade em homenagem a sua esposa Laodice, da qual ele se divorciou em 253 a .C. As ruínas se encontram em péssimo estado de consevação.
Ao norte de Laodicéia, a uns 10km da cidade, é possível enxergar os espetaculares travertinos brancos das fontes termais de Hierápolis. Hoje em dia, a cortina formada por estalactites e as poças rasas são uma atração turística conhecida como o “Castelo de Algodão” de Pamukkale. As fontes termais de Pamukkale atualmente a água jorra do solo a uma temperatura de 36ºC. A sudeste fica o imponente monte Honaz, que fornecia água fria à cidade de Colossos. Uma vez que Laodicéia que não possuía abastecimento natural, a água tinha de ser trazida por uma aqueduto das fontes termais de Denizli, cerca de 8km de distância.
Dentro de cidade, a água era distribuída por canos de pedra quadrados medindo um metro de lado, perfurados no centro longitudinalmente e cimentados uns aos outros. Vários deles ainda podem ser vistos hoje. Na antiguidade, Laodicéia possuía uma importante escola de farmácia.
Em Cristo,
André Gonçalves.
Bibliografia:
Foto: Termas de Hierápolis (a 10km ao norte de Laodicéia, atual Pamukkale) refletem o por-do-sol.
Plenitude, Bíblia de Estudo – SBB
Nossa Revista – 4º Trimestre 2010 – Buscando respostas de Deus às crises existenciais na atualidade – Editorial CBC
Lawrence, Paul – Atlas histórico e geográfico da Bíblia, pág. 173 – SBB