terça-feira, 27 de março de 2012

A “Shekina” de Deus está aqui. “Shekiná”?

Por Pr. Marcello de Oliveira.
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É normal ouvir em nossos cultos, congressos, seminários, a palavra “Shekiná”. Desde adolescente ouço esta palavra na igreja. Pregadores a usam com freqüência. Os “ministros do louvor” têm o hábito de usá-la. Temos até um cântico muito conhecido: “Derrama a tua “shekiná” sobre nós.
Agora pergunto: De onde tiramos a palavra “shekiná”? O que significa esta palavra? Será “shekiná” uma expressão encontrada nas Escrituras?
Começando pela última pergunta, a palavra “shekiná” não é encontrada em nenhum lugar das Escrituras! Penso que você neste momento está perplexo. Esses dias atrás, pregando em uma grande igreja aqui em São Paulo, falei sobre isto no púlpito e imagine a reação que isto causou no plenário, bem como nos obreiros que ali estavam. Após o término do culto, várias pessoas me pararam e diziam: Pr. Marcelo, já ouvimos vários “pregadores de renome” falar desta palavra, e agora o Sr está dizendo que não existe? Será que o Sr não está enganado?
Exatamente aqui reside nosso problema. Nós ouvimos os “grandes pregadores” falarem, e aceitamos tudo. Não procuramos pesquisar, averiguar, perscrutar. Tudo o que é novidade, e é falada por alguém de “peso”, nós aceitamos e logo começamos a falar. Falta em nosso meio, cristão bereanos, que analisam a cada dia as Escrituras, para verem se está correto ( At 17.11). Notemos que era Paulo que estava pregando! Homem de cultura invulgar, conhecedor de toda lei judaica, e acima de tudo, um dos maiores pregadores que o mundo conheceu. Ora, se Paulo teve que passar no crivo dos bereanos, o que dizer de nossos pregadores? Serão estes maiores que Paulo?
Mas voltando ao assunto da palavra “shekiná”, este vocábulo não aparece na Bíblia Judaica [Tanakh] nem no N.T, sendo uma palavra derivada da raiz hebraica -?-? -?(sh-k-n), cujo significado é “habitar”, “fazer morada”. Se perguntarmos a qualquer irmão, o que significa esta palavra, todos dirão: a glória de Deus, presença de Deus. Acontece que, “shekiná” não significa nada disso! O vocábulo “glória” no hebraico é “kavód” – o peso da glória de Deus. Então, quando cantamos: Derrama tua “shekiná” aqui, estamos dizendo: Derrama a tua habitação aqui. Soa estranho, não? Pedir para o Eterno derramar a habitação Dele sobre nós? Não consigo entender! Pois Ele já habita em nós, através da pessoa do Espírito Santo (ICo 6.19).
A “shekiná”, como uma idéia concreta, aparece só na literatura rabínica, havendo somente “alusões” a esta presença divina, no meio do povo de Israel, na Torá, quando Deus disse ao seu povo “???????? ??? ????????? ????????????? ?????????” – “e fareis um santuário para Mim, e habitarei no meio deles (dos israelitas)”[1];”????????????? ???????? ?????? ??????????, ?????????? ????? ?????????” – “e habitarei no meio dos filhos de Israel, e serei-lhes por Deus”[2]; e “??????? ???????? ????????? ?????? ???????” – “o Eterno dos exércitos, aquele que habita em Sião”[3].

Conclusão
Vimos por meio deste singelo estudo que a palavra “shekiná” não está nas Sagradas Escrituras. Aprendemos também que “shekiná” não significa: glória, presença de Deus. Ela vem da raiz “shakhan” que significa – habitar, fazer morada. Esta idéia de “skekiná” aparece somente na literatura rabínica, onde os judeus cabalistas [4] começaram a usá-la a partir do séc. XIII. Devemos estar sempre prontos a aprender e não ir além da Escritura. Foi o que Lutero disse para Erasmo: “A única diferença entre eu [Lutero] e você [Erasmo] é que eu me coloco debaixo da autoridade das Escrituras, e você se coloca acima dela”.
No amor de Jesus, Pr. Marcello de Oliveira.

Notas:
[1] Exodo 25.8 – “Shakhan’ti” [ habitarei]
[2] Exodo 29.45 -”Shakhan’ti” [ habitarei]
[3] Isaías 8.18 – “Shakhen” [ habito]
[4] Cabala é um sistema religioso-filosófico que investiga a natureza divina. Kabbalah (QBLH) é uma palavra de origem hebraica que significa recepção. É a vertente mística do judaísmo.

Autor: Pr. Marcello de Oliveira

Em Cristo,
André Gonçalves

XXVIII Conferência Geral CBC e 100 Anos de Missão BC no Brasil

terça-feira, 20 de março de 2012

Paulo em Atenas – Pregação em meio aos “sábios”.

Em Atos dos Apóstolos, Lucas registra que Paulo, continuando a viagem pela Grécia, chegou a Atenas – Atos 17. 1-34.

            Paulo havia estado em Tessalônica onde, conforme nos relata o texto de Atos 17. 1-4 havia uma sinagoga de judeus, e por três sábados discorreu sobre as Escrituras, expondo o Evangelho. Muitos dos ouvintes creram na pregação de Paulo, mas alguns judeus desobedientes e movidos por inveja tumultuaram o ambiente por causa da pregação de Paulo (Atos 17. 5-9). Logo após os irmãos de Tessalônica enviaram Paulo e Silas a Beréia.
           
            Beréia nos é extremamente conhecida pela atenção dos irmãos desta cidade, que a “cada dia examinavam nas Escrituras se estas coisas eram assim.” Atos 17. 11.

            Novamente os judeus de Tessalônica perturbaram o trabalho evangelístico, pois sabendo eles que a palavra de Deus era anunciada por Paulo em Beréia, foram até lá e provocaram a multidão contra Paulo e Silas. No mesmo instante os irmãos de Beréia conduziram Paulo até o mar para ir em viagem até Atenas, mas Silas e Timóteo ficaram ali.

            Paulo em Atenas.

            Atenas havia liderado a resistência grega aos invasores persas em 490-479 a.C. Os grandes templos da Acrópole que os persas haviam destruído tinham sido reconstruídos e estavam de pé há quase cinco décadas quando Paulo chegou. A construção mais importante era o Parthenon, um templo com 69m de comprimento e 31m de largura, dedicado à deusa Atena. Atenas era a cidade que havia abrigado os grandes dramaturgos Ésquilo, Sófocles, Eurípides e Aristófanes, bem como os filósofos Platão e Aristóteles. Era conhecida como uma cidade universitária.

            Paulo ficou profundamente entristecido, pois o seu espírito se comovia em si mesmo, vendo a cidade tão entregue à idolatria. A história relata que havia em Atenas mais estátuas de deuses do que em todo o resto da Grécia. Um grupo de filósofos epicureus e estóicos começou uma discussão com o apóstolo Paulo e ele foi levado ao famoso conselho do Areópago que, em outros tempos, havia governado a cidade.

            A base da discussão era o Evangelho que Paulo pregava, pois estando a aguardar seus companheiros que ficaram em Beréia (Silas e Timóteo), pregava a palavra de Deus na sinagoga e na praça. A pregação de Paulo chegou a irritar aqueles “sábios” filósofos atenienses, a ponto de chamarem-lhe de paroleiro, ou seja, um pseudo-intelectual que insiste em falar pomposamente. Infelizmente a cegueira espiritual dos intelectuais do Areópago, fez com que eles não vissem em Paulo um verdadeiro mensageiro da verdade.

            Chego à conclusão de que mesmo estando em meio aos considerados mais sábios dos homens daquela época, Paulo não temeu a falsa sabedoria (I Tim. 6.20) e lhes anunciou à Cristo. A palavra de Deus nos diz que alguns creram na pregação de Paulo, entre os tais estava Dionísio, um areopagita (membro do Areópago) e uma mulher de nome Dâmares e, com eles, outros. Atos 17. 34

            Às vezes nos deparamos em meio a pessoas de alta posição social, e aparentemente extremamente sábias. Mas a sabedoria delas é terrena, mas o cristão espiritual possui sabedoria do céu e discerne bem tudo (I Cor. 2.15), e esta quem dá é Deus, para que nós venhamos a pregar o Evangelho sem temer as aparências.



Em Cristo,
André Gonçalves.


Bibliografia:
Lawrence, Paul – Atlas histórico e geográfico da Bíblia – SBB pág. 156;
Esboço da ministração da Palavra em 08.03.2012 – Culto público – Igreja Batista, Candiota/RS. 
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