sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Esperança... [parte 2]

Salmos 90


Para poder explicar este salmo é preciso que nossa imaginação navegue ao cenário do Sinai.

Estamos no deserto do Sinai, anos após o relatório desanimador dos espias em Cades-Barneia. O povo se encontrava vagando sem destino pelo deserto, uma situação totalmente inútil.

Toda manhã, um mensageiro vem à tende da Moisés trazendo um relatório sobre as condições do acampamento: mortes, muitas mortes. As notícias mais comuns se referem a obituários. O deserto havia se tornado um enorme cemitério. Cada vez que o povo levantava acampamento, deixava atrás de si uma multidão de sepulturas.

Nesse dia em particular, Moisés, homem de Deus, entrou em desespero. Angustiado com a quantidade de mortos, o ancião se recolhe a sua tenda e, prostrado com rosto em terra, apresenta essa oração perante o Senhor.

Sl. 90. 1-2. Em meio a tantas mortes e à transitoriedade da vida, Moisés encontra consolo na eternidade do Senhor. Embora tudo o mais definhe e desapareça, Deus é imutável e refúgio seguro para seu povo. De eternidade a eternidade, ele é Deus "infinito, eterno e imutável em seu ser, sabedoria, poder, santidade, justiça, bondade e verdade".

Sl. 90. 3-4. Moisés contrasta a eternidade de Deus com a brevidade do ser humano. Tem-se a impressão de que, todos os dias, Deus ordena à vida: "tornai ao pó", como quem força uma linha infinita a lançar-se para dentro da sepultura. Para o Eterno, os quase mil anos de idade dos primeiros seres humanos caídos são apenas como o dia de ontem em sua memória.

Sl. 90. 5-6. Para Moisés, a vida humana se parece com um sono: o indivíduo dorme, sonha e acorda no dia seguinte sem consciência da passagem do tempo. Ou, por meio de outra ilustração, a vida é como a relva que floresce fresca e verde pela manhã, porém murcha e seca no final da tarde.

Sl. 90. 7-10. Embora a morte seja resultado da entrada do pecado no mundo, Moisés percebe que aquelas mortes no deserto representavam um julgamento especial da parte de Deus. Todos os homens que saíram do Egito cuja idade fosse superior a vinte anos deveriam morrer antes do povo chegar a Canaã. O soar dos sinos da morte era um sinal da ira de Deus contra seu povo, pois havia acreditado no relatório negativo dos espias, em vez de marchar rumo à conquista de Canaã, conforme propuseram Josué e Calebe. As iniquidades e os pecados ocultos do povo estavam sempre diante do Senhor como uma úlcera inflamada que não sara. Consequentemente, os israelitas viviam sob as nuvens escuras da indignação de Deus e varridos pelos vagalhões da ira divina. É verdade que alguns conseguiram atingir os setenta ou oitenta anos de idade, porém, mesmo nesses casos, era uma vida desagradável, cheia de doenças, cansaços e aborrecimentos, e logo morriam.

Continua no próximo post...


Em Cristo,
André Gonçalves.



Bibliografia:
MacDonald - William. Comentário Bíblico Popular AT, pág. 463,464.

Nenhum comentário:

Related Posts with Thumbnails